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  • domingo, dezembro 23, 2007

    Boas Festas

    Etiquetas: Boas Festas

    Posted by: Rezendes / domingo, dezembro 23, 2007
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    domingo, junho 24, 2007

    Há mais «Céus» do que um...


    Etiquetas: gatos

    Posted by: Rezendes / domingo, junho 24, 2007
    |

    segunda-feira, junho 18, 2007

    De outros tempos como se fosse de agora...

    U

    m excerto de As Farpas, um poema de Mário-Henrique Leiria e uma tira de Mafalda, de Quino.



    De As Farpas:

    «O paiz perdeu a intelligencia e a consciencia moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciencias em debandada, os caracteres corrompidos. A pratica da vida tem por unica direcção a conveniencia. Não ha principio que não seja desmentido. Não ha instituição que não seja escarnecicla. Ninguem se respeita. Não ha nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguem crê na honestidade dos homens publicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inercia. O povo está na miseria. Os serviços publicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas idéas augmenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indifferença de cima a baixo! Toda a vida espiritual, intellectual, parada. O tedio invadiu todas as almas. A mocidade arrasta-se envelhecida das mesas das secretarias para as mesas dos café,. A ruína economica cresce, cresce, cresce. As quebras succedem-se. O pequeno commércio definha. A industria enfraquece. A sorte dos operarias é lamentavel. O salario diminue. A renda tambem diminue. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
    N'este salve-se quem poder a burguezia proprietaria de casas explora o aluguer. A agiotagem explora o juro. A ignorancia pesa sobre o povo como uma fatalidade.»
    Ramalho Ortigão, Eça de Queirós, As Farpas, vol. 1, Maio de 1871.

    De Mário-Henrique Leiria:

    A MINHA QUERIDA PÁTRIA

    a pátria
    os camões
    os aviões
    e os gagos-coutinhos
    coitadinhos

    a pátria
    e os mesmos
    aldrabões
    recém-chegados
    à democracia social
    era fatal

    a pátria
    novos camões
    na governança
    liderando
    as mesmas
    confusões
    continuando
    mesmo assim
    as velhas tradições
    de mau latim
    da Eneida

    enfim
    sabem que mais?
    pois
    vou da peida

    Mário-Henrique Leiria


    De Mafalda, de Quino:


    Posted by: Rezendes / segunda-feira, junho 18, 2007
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    quarta-feira, junho 06, 2007

    O clima nas escolas está de cortar à faca

    É

    preciso que alguém diga isto: o ambiente nas escolas portuguesas, pelo menos nas do ensino público, está de cortar à faca.

    Sente-se um mal-estar geral, um desânimo ainda mais acentuado do que há algum tempo atrás, que era já muito, esclareça-se, uma desmotivação que alastra em todos os sectores e que afecta funcionários e docentes, estes ultimamente sujeitos a um concurso que poucos irá abranger, nem sempre os mais assíduos, é importante esclarecer, nem os mais competentes, nem os mais empenhados, sendo antes um prémio para os que menos aulas deram porque foram nomeados para o desempenho de cargos que, habitualmente, se destinavam a completar horários e não por declarada competência de quem para eles era designado.

    Mas tanto os que poderão vir a ascender à categoria de titulares como os que poderão não chegar a tal desidério reconhecem a injustiça da situação criada pelo concurso que presentemente se desenrola. E muitos dos que nunca ou raramente faltam aos seus deveres de professores, que, tanto quanto se saiba, passam primordialmente pela leccionação, vêem-se com espanto ultrapassados por colegas menos assíduos e que deram muito menos horas de aulas ao longo dos anos.

    Não admira, por isso, que o clima de escola esteja cada vez mais negativo, que surjam discussões, que se acentuem animosidades e antagonismos, que se instale a frustração. Nalguns departamentos disciplinares, as vagas a concurso abrangem apenas um quinto dos candidatos, enquanto noutros quase cobre a totalidade dos que se podem habilitar, criando-se situações de enorme disparidade e desigualdade, que se baseiam em critérios obscuros, havendo assim docentes com uma grande competência na leccionação que serão claramente ultrapassados por outros professores com muito menos experiência, apenas porque a estes lhes foram atribuídos cargos porque, caso não o fossem, poderiam não chegar a ter horários completos e ver-se na situação de terem que mudar de escola.

    Por muito que queiram estabelecer paralelos com a situação militar, aqui não se trata de funções diferentes: todos são professores, todos leccionam as mesmas disciplinas (não havendo qualquer hierarquia de importância de uns níveis face a outros dentro dos mesmos ciclos de ensino), todos desempenharam funções ao longo das suas carreiras, muito embora pareça que apenas os últimos anos contem para tal, ignorando a contribuição que os mesmos professores deram nos anos anteriores e a relevância dos cargos que assumiram nesse período de tempo. Não conheço sargentos e oficiais no ensino; não conheço tenentes, capitães, coronéis e generais. A não ser que se pretenda estabelecer alguma comparação com as personagens dos romances de Jorge Amado.

    Acabo como comecei: o ambiente nas escolas está de cortar à faca. E isto não traz nada de positivo para a qualidade do ensino em Portugal; antes pelo contrário. E só não verá isto quem não percebe (ou não tem sequer a pretensão de fazê-lo) como funcionam as escolas e a importância que estas assumem para o futuro do país. Se o panorama é negro nas escolas, também o será para o resto do país. É preciso que se diga.

    Etiquetas: ensino, escolas, professores

    Posted by: Rezendes / quarta-feira, junho 06, 2007
    |

    sábado, maio 26, 2007

    Quem manda, manda



    Chefe que é chefe é que quer.
    Chefe que é chefe é que pode.
    Chefe que é chefe é que manda.
    Chefe que é chefe é que fala.
    Chefe que é chefe é que diz.
    Chefe que é chefe é que decide.
    Chefe que é chefe é que consente.
    Chefe que é chefe é que cala.
    Chefe que é chefe é que conhece.
    Chefe que é chefe é que constrói.
    Chefe que é chefe é que faz.
    Chefe que é chefe é que autoriza.
    Chefe que é chefe é que promove.
    Chefe que é chefe é que sabe.
    Chefe que é chefe é que acerta.
    Chefe que é chefe é que ganha.
    Chefe que é chefe é que recebe.
    Chefe que é chefe é que chefia.
    Chefe que é chefe é que ordena.
    Chefe que é chefe é que magoa.
    Chefe que é chefe é que mói.
    Chefe que é chefe é que insulta.
    Chefe que é chefe é que despacha.
    Chefe que é chefe é que processa.
    Chefe que é chefe é que proíbe.
    Chefe que é chefe é que multa.
    Chefe que é chefe é que desfaz.
    Chefe que é chefe é que arruína.
    Chefe que é chefe é que desautoriza.
    Chefe que é chefe é que despromove.
    Chefe que é chefe é que suspende.
    Chefe que é chefe é que castiga.
    Chefe que é chefe é que destrói.
    Posted by: Rezendes / sábado, maio 26, 2007
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    quinta-feira, janeiro 25, 2007

    Mais confusões do Ministério da Educação com a TLEBS

    O

    intrincado problema que representa a recente decisão, pelos responsáveis pelo Ministério da Educação, de suspender a aplicação generalizada da Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (vulgo TLEBS) nos manuais escolares destinados ao oitavo ano de escolaridade é bem mais uma demonstração da confusão em que vêm colocando o ensino nos últimos tempos, com decisões pouco pensadas, e que em nada contribuem para resolver os problemas que vão surgindo nas escolas, basta tão pouco perceber que os alunos que frequentam o sétimo ano em 2006/2007, utilizando manuais em que esta nova terminologia já é aplicada, terão, no próximo ano lectivo, se transitarem, que lidar com os antigos manuais, em que a terminologia utilizada é a que existia em data anterior a esta generalização, ou seja, se no 7º ano substituíram o termo oração ou substantivo por frase e nome, respectivamente, que pode ser encontrada nos seus manuais e para o que foram alertados pelos professores de Língua Portuguesa, no 8º ano, em 2007/2008, regressarão aos termos que tinham aprendido a substituir, apenas por uma decisão política que, à partida, nunca deveria ter sido tomada anteriormente, já que se considerava que a TLEBS continha diversas imprecisões, necessitando de ser aplicada após um período experimental em que se procedesse a uma avaliação rigorosa acerca dos méritos de uma alteração que muitos linguistas consideram indispensável face à referida confusão que a anterior terminologia, a Nomenclatura Gramatical Portuguesa, datada de 1967, provocava no ensino e aprendizagem da língua, para já nem falar na sua utilização, o que deve querer dizer que todos os que aprenderam português desde essa data até ao presente o fizeram com enormes lacunas e deficiências, será certamente por isso que toda a literatura entretanto produzida o foi por gente mal formada, como será por exemplo o meu caso e do presente texto, para já nem falar de todos os outros anteriormente aqui publicados, ou poderá ser o de tanta gente que publicou em todos os outros blogues, nem jornais, revistas, nos livros, nos manuais, e até, pasme-se, nos textos da própria TLEBS, porque na cabeça de todos nós o que podemos encontrar é nem mais nem menos do que uma tremenda falta de rigor na aplicação prática dos conceitos gramaticais, para já nem falar no facto de haver muitos mais milhões de falantes e utilizadores da língua portuguesa em todos os países que a têm como língua oficial, que até ao surgimento da TLEBS mais não terão feito do que asneiras atrás de asneiras sempre que construíram uma frase, que escreveram uma palavra ou utilizaram um sinal de pontuação, que se atreveram a pensar em orações ou em substantivos. Nem mais.

    Posted by: Rezendes / quinta-feira, janeiro 25, 2007
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    terça-feira, janeiro 16, 2007

    Irritações

    A

    ndo com uma verdadeira inclinação para não votar no referendo, isto apesar de concordar com a alteração da lei da interrupção voluntária da gravidez (IVG, para quem gosta de acrónimos), mas prevejo já o aproveitamento pelo partido da maioria de uma provável vitória do SIM, que andam já por aí uns senhores, daqueles que gostam de opinar sobre tudo e mais alguma coisa, a tecer considerações acerca de uma vitória ou derrota partidária, que é no que isto se vai tornar, basta esperar para ver, porque esta politiquice à portuguesa acaba por transformar assuntos sérios e que dizem respeito à cidadania em geral em assuntos de política partidária, porque a situação em que nos encontramos provém de uma manifesta falta de coragem para fazer aprovar uma lei num parlamento onde uma maioria faz passar o que muito bem quer e entende, e reprovar minudências como a legislação anti-corrupção, que é coisa em que não interessa nada mexer, pois está visto que assim é que as coisas estão bem, afinal o que é suficiente é mudar umas coisitas aqui e acolá para dar a aparência de que se mudou alguma coisa, quando ficou afinal tudo como dantes, é no que dá fazer birras a propósito de tudo e de nada.
    O que me irrita esta gente!

    Posted by: Rezendes / terça-feira, janeiro 16, 2007
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    segunda-feira, janeiro 01, 2007

    Um Bom Ano, seja ele qual for

    N

    uma obra recentemente publicada, Robert Silverberg ficciona acerca da possibilidade de nos encontrarmos, não no ano de 2007, mas sim em 2760 A.U.C. (Ab Urbs Condita, a partir da fundação da cidade, como os romanos contavam o tempo), devido a circunstâncias históricas que se teriam alterado ao longo dos séculos.

    Em primeiro lugar, os judeus não teriam conseguido abandonar o Egipto, não tendo, por isso, ocorrido o nascimento de Jesus na chamada Terra Prometida, não existindo o cristianismo; por outro lado, o Império Romano nunca se teria desfeito por acção das invasões bárbaras, durando até aos nossos dias. A religião dominante continuaria a ser dedicada sobretudo ao culto de Júpiter Imperator, e a estabilidade política, com altos e baixos durante os milénios da sua existência, teria permitido que, por exemplo, tivessem sido as legiões romanas as primeiras a desembarcar na Nova Roma (a América).

    Para além das suposições algo mirabolantes, como a invenção de foguetões para viagens interplanetárias pelos judeus egípcios, numa tentativa de encontrar a terra prometida noutros planetas, para além das já aqui atrás enunciadas, o facto é que a contagem do tempo é apenas uma convenção, como tantas outras que regem cada momento que vivemos. Se assim não fosse, a globalização que hoje nos comanda a existência só muito dificilmente conseguiria persistir. O início do ano ocorreria no equinócio da Primavera, no mês de Março, e não estaríamos hoje de ressaca com os espumantes e as festas e os doces e o resto com que nos empanturrámos na noite passada. Se bem que ainda hoje não nos entendemos por completo: se para os judeus estamos no ano 5758, para os muçulmanos encontramo-nos em 1428, e para os chineses em 4705.

    Quer de uma ou de outra maneira, certo, certo, é que, se me pedissem que escrevesse a data de hoje, o que lá poria era 1 de Janeiro de 2007. Raios partam as convenções.

    Mas o que é facto é que uma pessoa não faz outra coisa nesta vida senão fazer concessões, por isso lá vai: um Bom Ano.

    Posted by: Rezendes / segunda-feira, janeiro 01, 2007
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    sábado, dezembro 23, 2006

    Boas Festas




    Posted by: Rezendes / sábado, dezembro 23, 2006
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    sexta-feira, dezembro 22, 2006

    Decisões natalícias (ou o tiro que saiu pela culatra)

    N

    aquele ano, decidiu, não iria oferecer presentes a quem quer que fosse, a paciência para andar para lá e para cá à procura de bugigangas acabara-se-lhe, a resolução era definitiva, assim como assim fartara-se de andar com sacos e mais sacos de um lado para o outro, daquele constante entra e sai em lojas e mais lojas cheias de gente, que se danassem os comerciantes, os colegas, a família, os amigos, o Pai Natal e o menino Jesus e o resto da pandilha, há anos que também não lhe ofereciam coisa de jeito e que tivesse alguma utilidade prática, ora era uma travessa que nunca chegaria a usar e que, além do mais, não dava com nada do que lá tinha em casa, um livro que já tinha lido, umas meias de tamanho errado, mais isto e mais aquilo que fora acumulando ano após ano e que lhe atafulhava os armários de inutilidades, caixas, caixinhas e caixotes, bonecos, bonequinhos e bonecões, um dia destes fazia uma barrela e ia tudo para o lixo, ai não que não ia, depois talvez lhe sobrasse espaço para as outras inutilidades que se amontoavam pelo chão e pelas prateleiras, o que tinha era que tomar uma decisão radical, tornar-se minimalista ou coisa que se parecesse, cingir-se ao essencial, ao indispensável, podia levar a tralha para a feira da Ladra, o pior era o trabalho em que se ia meter, outra solução seria fazer uma venda, mas também não tinha garagem nem relvado nem espaço para montar um estaminé na rua como fazem no estrangeiro, que esses é que sabem livrar-se das velharias pondo-se a rifá-las a torto e a direito, que há sempre quem se entretenha a frequentar essas ocasiões e a comprar coisas estranhas, ele há gente para tudo, para tudo e mais alguma coisa, por isso começou a poupar o dinheiro que antes gastava nessas ninharias, mas os colegas, a família, os amigos, o Pai Natal e o menino Jesus é que não desistiram, qual quê, mesmo sem levarem nada de volta atafulharam-lhe a casa com mais tralha do que a que já tinha, caixas, caixinhas e caixotes, bonecos, bonequinhos e bonecões, livros que já lera, discos compactos que não lhe interessava mesmo nada ouvir, filmes em dvd que já vira vezes sem conta, laços, lacinhos e laçarotes por todos os lados, resmas e resmas de papel de embrulho, cartões para todos os gostos e feitos, de tamanhos e cores variadas, aquilo era gente de ideias fixas, de antes quebrar que torcer, era Natal e por isso lá veio presente daqui e dacolá, nem ficaram sequer ressentidos por não lhes ter retribuído, pensara ter resolvido o problema de raiz acabando com as oferendas, mas não, ainda lhe haviam dado mais coisas, se calhar pensaram que estivesse a passar necessidades, sabe-se lá o que vai na cabeça das pessoas por estas alturas, até parece que ficam obcecadas, esquizofrénicas, penduram uma data de pais Natal nas varandas, pespegam nas janelas com iluminações mirabolantes compradas por tuta e meia nas lojas chinesas, daquelas que passam a vida a acender e a apagar, a acender e a apagar, criando efeitos luminosos psicadélicos, apesar dessas coisas já terem passado de moda por volta dos anos setenta ainda continuam a persistir, é vê-las por todo o lado, a acender e a apagar, a acender e a apagar, verde, encarnado, azul, amarelo, um ror de cores e formas que dão cabo da vista e fazem mal à cabeça, que se dane, é Natal, dantes eram bandeiras e agora são luzes e luzinhas, é no que dá o patriotismo, arreia-se o símbolo nacional comprado na loja chinesa e hasteia-se o pavilhão luminoso adquirido no mesmo local, que é onde há variedade por bom preço, para o ano é que ia ser o bom e o bonito, lá teria que voltar às lojas e aos presentes, se calhar a dobrar, para compensar e não fazer má figura, ora bolas, ora bolas, ora bolas.

    Posted by: Rezendes / sexta-feira, dezembro 22, 2006
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    domingo, dezembro 10, 2006

    Claro que os alunos estão sempre em primeiro lugar para os governantes deste país

    N

    os últimos tempos tem sido perfeitamente visível a enorme preocupação com que os responsáveis ministeriais ligados ao ensino lidam com os problemas dos alunos, através do recurso da decisão judicial acerca da repetição de exames nacionais por dois alunos e ao seu ingresso nos cursos de medicina, por mérito próprio, diga-se, face aos resultados que os mesmos alunos obtiveram nas provas repetidas, muito embora alguns dos mesmos responsáveis desde sempre tenham alegado que em primeiro lugar estão os alunos, daí que seja perfeitamente compreensível que recorram judicialmente, facto que deverá ter origem, por certo, na necessidade de os colocar em contacto com o funcionamento da justiça portuguesa, para desta maneira lhes mostrar, de forma pedagógica, que neste país se pode dizer uma coisa com a maior desfaçatez e fazer outra completamente diferente, deve ser precisamente isto que se pretende com um novo estilo de governação, que transporta para o ensino uma maneira de ser que mais não é do que uma imensa hipocrisia, será certamente uma óptima adaptação ao mundo adulto para os dois jovens, muito embora – infelizmente – tal possibilidade tenha sido negada aos restantes alunos que se viram na mesma situação e que não recorreram para os tribunais acerca da possibilidade de repetirem o exame, como aconteceu em ambos os casos a que acima nos referimos, privando toda essa população estudantil de tal experiência pedagógica, o que não se sabe lá muito bem se demonstra respeito por quem levou uma dúzia de anos de estudo, de investimento no seu futuro pessoal e profissional, mas que, pelo menos, nos deixa a pensar acerca das motivações de tal gente, as quais permanecem, como sempre, mergulhadas num nebuloso cinzentismo que vem norteando o rumo do ensino no nosso país, entregue a uma contabilidade de tostões, agora dir-se-ia de cêntimos, para se poder gastar noutro lado à tripa-forra, poupando nos farelos para se desperdiçar na farinha.

    Posted by: Rezendes / domingo, dezembro 10, 2006
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    domingo, dezembro 03, 2006

    A Maria Carriça

    J

    á é hábito, esta nossa maneira pacóvia de andarmos por aí a ver isto e aquilo nos países estrangeiros e abrirmos a boca de espanto, que nisto de habituações não há melhor do que aquelas que se dão ares de importância andarem pelas terras dos brasis a visitarem museus de língua portuguesa e ah, oh, que bonito, temos que ter um destes lá em Portugal, vai daí espalha-se os tarecos que andam aos trambolhões num museu que não interessa a ninguém por aqui e por ali para arranjar espaço para copiar o que se viu lá fora, vai um outro aos nortes europeus e ah, oh, mas que escolas tão eficientes, que professores tão dedicados, que isto, que aquilo, temos que copiar isto lá para Portugal, melhor seria levarem também os alunos, as famílias e o resto, e como resultado trata-se da saúde aos professores que vai havendo por cá, vai-se lá fora ver os comboios, ah, oh, que belos comboios, que rápidos, que modernos, temos que ter coisas destas a andar pelo Portugal fora, assim como assim sempre se ganha uns minutitos na viagem entre Lisboa e Porto e faz-se boa figura, de aeroportos o melhor é nem falar, que grandes, que esplêndidos, que confortáveis esses por onde se passa nas cidades europeias, americanas, asiáticas, ah, oh, precisamos de um destes e é já, nem que caia o Carmo e a Trindade havemos de construí-lo, nem que chovam canivetes, se ficarem mais uns quantos aleijados paciência, vamo-lhes aos bolsos de qualquer maneira, que não somos de discriminações, pois claro, tributamos mais uma coisita ou outra, pespegamo-lhes com mais um ou dois por cento nos impostos, já estão acostumados e nem dão pela diferença, agora dê por onde der temos que mostrar aos estrangeiros que por cá também podem encontrar coisas modernas, tal e qual as que têm ao pé de casa deles, nem mais nem menos, sem tirar nem pôr, quer dizer, se tirarmos mais um bocadinho não é por aí que o gato vai às filhós, ora essa, não há mas é maneira de irmos nós lá fora, por exemplo à terra dos teutões, e afirmarmos alto e bom som, com trejeitos de admiração, ah, oh, que belos governantes que por cá têm, não há maneira de os exportarem lá para a nossa terra, que os que lá temos não nos parecem nada que valha a pena sustentar?

    Posted by: Rezendes / domingo, dezembro 03, 2006
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    segunda-feira, novembro 20, 2006

    Modas

    C

    omo qualquer outra pessoa, sou influenciado pela pressão dos tempos que correm, aceitando este ou aquele aspecto mais ou menos inovador, mais ou menos interessante, mais ou menos cativante, sendo levado a aderir, nem sempre de vontade, a este ou aquele estilo de roupa, de sapatos, de música, de cinema, muito embora me contenha, ou pelo menos tente fazê-lo, face à insistência com que a publicidade nos entra pelos olhos ou pelos ouvidos a todas as horas e em todos os lugares, se bem que pouca publicidade veja na televisão ou ouça na rádio, escapando-me sempre que posso a tais bombardeamentos, sendo no entanto mais difícil fugir aos cartazes e anúncios espalhados um pouco por todo o lado, vindo isto a propósito de influências que nos foram chegando de todo o lado sobre pedagogias e afins, que mais tarde acabaram por revelar-se ineficazes nos mesmos países de onde originaram, acabando por voltar tudo à estaca zero, que o mesmo é dizer que se chegou à conclusão que comprovadamente não funcionavam, tal como estavam formuladas, se bem que neste país, onde as inovações sempre chegaram com anos de atraso, se continue a considerar de enorme utilidade as práticas já em desuso e abandonadas por esse mundo fora, facto que demora a evidenciar-se no deslumbramento em que geralmente nos vemos mergulhados quando contactamos com tais teorias, como durante séculos nos aconteceu com a literatura e a arte, nunca se sabendo bem ao certo se esta nossa tendência para o epigonismo é algo de endógeno ou um resultado da nossa completa cegueira para com o simples bom senso, de pouco nos servindo um ou outro mais iluminado que garanta, a pés juntos, que mais vale sermos como somos, valendo o que valemos, do que estarmos para aqui a servir de caixote do lixo dos países tidos por mais avançados, experimentando o que a experiência já deu por falho, plagiando o que inconsequente acabou por revelar-se, tomando por assisado o que nunca deixou de ser ridículo, em suma, asneirando «à grande e à francesa», como se costumava dizer e agora pouco se diz, que nisto de dislates sempre gostámos de exagerar, por isso não é de admirar que se espere o que é utópico, quando nem sequer somos capazes de reconhecer os nossos próprios defeitos e toda a gente seja especialista em tudo e mais alguma coisa, que é o mesmo que dizer em nada, porque quem muito afirma saber acerca de tudo acaba por mostrar saber muito pouco acerca de quase nada, muito embora se caminhe assim alegremente em direcção a qualquer futuro que se pretende risonho e rosado, como o são a cor que por agora aí domina e o estado de espírito de anedotário néscio que domina as opiniões, os programas, as revistas e o mais que se lê, vê e ouve por aí, que além do mais parece estar na moda.

    Posted by: Rezendes / segunda-feira, novembro 20, 2006
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    domingo, novembro 12, 2006

    O desvio

    D

    e quando em vez acontece, uma pessoa pensa que vai por um lado e dá por si de súbito a enveredar por outro caminho, e isto não é por distracção nem por azelhice, é assim mesmo, faz-se confiança no instinto de orientação ou na sinalização que se vê plantada por aí e, como se dizia, dá-se com os burrinhos na água, que é o mesmo que fazer asneira, indo parar a um lado qualquer que nunca viu nos dias da sua vida, nem muito menos nas dos outros, quem lá mora pode saber por onde anda, mas quem não sabe é como quem não vê e está o caldo entornado, anda-se para ali às voltas e voltas, acabando-se por ir parar ao mesmo lugar, tão desconhecido como era dantes, para dizer a verdade um pouco menos, uma vez que já o tínhamos visto há pouco, há quem desista e fique por ali, mas outros, mais pertinazes, investem furiosamente por ínvios caminhos na secreta esperança de finalmente descobrir o almejado rumo, é no que dá não se investir nestas coisas dos gepeesses, e ignorar com sobranceria os tais planos tecnológicos, anda-se à roda como o pião, mais valia andar a pé que sempre se podia ir deixando umas migalhas, que são coisas que se aprende na infância e que nunca se sabe se podem vir a ser úteis num dado momento da nossa vida, nos dias que correm já não se pode atirar seja o que for pela janela do carro senão apanha-se uma multa, o que é que o senhor condutor ia a atirar pela janela do carro?, eu, senhor agente, sim, o senhor, pois eram migalhas, senhor agente, para ver se dava com o regresso no caso de me perder, o senhor condutor deve estar a brincar comigo, eu não, senhor agente, então o senhor condutor não vê ali os sinais que lhe indicam as direcções, pois vi, senhor agente, e orientei-me por eles e vim aqui parar outra vez, é porque o senhor condutor não viu com atenção, vi, vi, senhor agente, se calhar ia a falar ao telemóvel, eu não, senhor agente, nunca faço isso quando vou a conduzir, e, se quer que lhe diga, nem sequer parado o utilizo muito, pois devia utilizar mais, porque podia telefonar a alguém para lhe ensinar as direcções, se calhar tem razão, senhor agente, mas como as pessoas que conheço não são destas bandas também não ia ajudar muito, então o que vem o senhor aqui fazer?, queria ir visitar uma exposição que há para estes lados, mas agora penso que já nem vale a pena porque com o tempo que levei às voltas creio que já fechou, pois devia ter vindo mais cedo ou estudado o percurso antes de se meter à estrada, eu bem tentei, senhor agente, mas não me serviu de muito, que isto parece um labirinto e se uma pessoa vai devagar aparece sempre alguém atrás de nós de mão colada na buzina, e com razão, que não se pode andar a entupir o trânsito, eis um bonito exemplo da solicitude dos agentes da autoridade, não é por mal, mas quem devia levar uma multa é quem andou a deixar que surgissem estes prédios por todo o lado e estas ruas que parecem não levar a lado nenhum a não ser para quem por lá anda dia após dia, e o mesmo se podia dizer para outros ramos da actividade humana, mas isso levar-me-ia por outros caminhos e por outros desvios.

    Posted by: Rezendes / domingo, novembro 12, 2006
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    terça-feira, novembro 07, 2006

    TLEBS

    P

    arece nome de pastilha elástica. Mas não é. É uma Terminologia. Linguística. Para o Ensino. O Básico e o Secundário. Através da qual deixam de existir substantivos, para passarem a ser unicamente nomes. E as orações deixam de ser orações. Agora são frases. E mais nada. Coisas de linguistas. Dos que andam pelas faculdades. E que crêem ter razão para colocar em prática uma profunda modificação. Tal como já anteriormente se havia feito com a gramática generativa. A tal que gerou confusões e equívocos durante anos. Com o beneplácito de ministeriáveis que, sem se saber como, dão a sua anuência a tais práticas. Pelo menos na aparência sem quererem saber dos alunos, de quem ensina, das consequências que daí podem advir, e muito menos o que é o estudo da língua. Mas o problema é que, pelos vistos, tal terminologia é para ser aplicada nas aulas de Português. Nas outras, de línguas estrangeiras ou seja do que for, fica tudo na mesma, os manuais continuam a referir orações, a não mencionar advérbios disjuntos reforçadores da verdade da asserção, e outras designações semelhantes.

    Houve já quem acerca disto tivesse discorrido na imprensa, de entre os quais merecem destaque alguns nomes importantes da nossa praça, Maria Alzira Seixo, Eduardo Prado Coelho, Vasco Graça Moura, entre outros. Mas não valeu de nada. Pelos vistos, tais opiniões caíram em saco roto. Como aliás neste país continua a acontecer com quem emite opiniões com fundamentadas razões para o fazer. Teimosias. Parece que estão na moda. Dá a ideia que andamos num país de surdos e cegos, mas não mudos. Isso é que não. Porque se fala, e até demasiado. Mas de entre tais discorrências não tem saído algo que se veja, de que se possa dizer sim senhor, ou sim senhora. Avança-se alegremente, sem pesar os prós e os contras, contribuindo-se ainda mais para o estado de confusão generalizada. E depois surgem os elogios. Mais uma vez cegos e surdos, mas não mudos.

    Claro que a culpa é dos professores. Aliás, de quem deveria ser? Foram eles os responsáveis pela brilhante criação da TLEBS e pela sua implementação nas escolas deste país. Por despacho. Sem uma formação generalizada. Sem haver sequer a ponderação acerca da sua utilidade. Ainda para mais num momento em que se pretende, e aqui sublinho o pretende, pôr ordem na casa. É um bonito serviço prestado à nação. Mais um. Entre tantos e tantos outros. Lá chegará o dia em que serão distribuídas medalhas por tais feitos. É esperar para ver.

    E de quem será a culpa se tudo isto terminar num rotundo fracasso? Dos professores, ora essa. E de quem mais haveria de ser? Mas desta vez única e exclusivamente dos de Português. Porque a tal generalização, a tal pastilha elástica, TLEBS, é a estes em especial que foi presenteada. Bonito presente, não haja dúvida. Pode ser que, agora que se aproxima o Natal, tal oferenda se venha a popularizar. Ou então gramáticas, novinhas em folha, já a abarrotar de TLEBS. Diz-se, até, que os progenitores preocupados já correram às livrarias em tal demanda. Que foi uma loucura. Que nem houve mãos a medir para atender a tantas solicitações. E que irão vestir-se de Pai Natal e distribuí-las a torto e a direito. Não haverá lar neste país sem um destes novos preceituários.

    Entretanto, quem vier atrás que feche a porta.

    Posted by: Rezendes / terça-feira, novembro 07, 2006
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