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  • terça-feira, outubro 17, 2006

    O Figueiredo

    O

    Figueiredo era assim uma espécie de pau-para-toda-a-obra lá em casa, muito embora nem tivesse direito e tratamento pelo nome próprio, que ninguém sabia qual era, porque até a mulher se lhe referia assim, o Figueiredo para cá, o Figueiredo para lá, este fim de semana fui passear com o Figueiredo, vejam lá que o Figueiredo pôs-se com a mania que era capaz de arranjar o ferro de engomar, andou de volta dele até às tantas da manhã, depois foi ligá-lo e lá se foram os fusíveis, o Figueiredo é assim mesmo, quando se lhe mete uma ideia na cabeça não há quem seja capaz de o convencer do contrário, muito menos eu, que já sou casada com ele há trinta e quatro anos e que lhe aturo as teimosias todas, uma vez eu e o Figueiredo fomos de carro até à Figueira da Foz e às tantas o carro avariou-se, pois em vez de mandar chamar um reboque abriu o capô e pôs-se para lá a escarafunchar, nem sei que voltas deu que às tantas por tantas lá conseguiu pôr o carro a funcionar, depois meteu-se ao volante todo cheio de graxa que até hoje ainda não saíram as marcas, ele não se rala, eu sei que não, o Figueiredo é assim mesmo, eu é que não gosto nada de ver aquilo tudo negro, cheio de dedadas, podia lá ir a polícia tirar as impressões digitais que aquilo era uma mina, se fosse de diamantes é que eu não me importava, que ele nunca me deu nem um anel para amostra, tirando as alianças, mas isso não conta, era o que dizia a mulher, que acabara por se esquecer do nome próprio do Figueiredo, José de sua graça, por força de tanto apelido para cá e para lá, os nomes são assim mesmo, deixamos de usá-los e depois caem no vazio, esquecemo-nos deles, que só servem as pessoas quando delas retemos algum afecto, e isso era coisa que há muito se sumira daquelas vidas, ficara apenas o hábito das horas passadas a dormir na cama ao lado um do outro, dos almoços e jantares sentados à mesa em frente um do outro, mais dos últimos que dos primeiros, que uma vida de trabalho nem sempre se compadece das refeições, tantas e tantas vezes até dá pena os filhos dizerem que passam mais tempo com os professores na escola do que com os pais em casa, nem sequer chegando a dez minutos por dia, e o que é isso na vida de uma criança, de um adolescente, que diabo de carinhos se pode fazer em dez minutos, praticamente nada, nem um beijo, nem um palavra, ainda menos uma conversa, assim vão sobrevivendo as famílias por aí.

    Posted by: Rezendes / terça-feira, outubro 17, 2006
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