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  • sábado, julho 22, 2006

    A Cidade e as Serra

    A

    nabela Cidade era moça prendada, embora dada a namoricos de ocasião, havia quem a tivesse por doidivanas, por maria-vai-com-as-outras, de todo em todo o oposto às manas Serra, que mal punham o nariz fora de casa sem levar um irmão mais velho como pau-de-cabeleira, como se vivessem num daqueles países árabes em que uma mulher mal pode pôr o pé na rua sem ficar logo mal vista na sociedade inteira, e com isso perder casamento e ainda por cima ser transformada em alvo de tiro com pedra, o que não tem piada nenhuma, esclareça-se para que não fiquem dúvidas acerca da posição do autor acerca de tão ancestrais como condenáveis práticas, que revelam que nem sempre as tradições devem ser mantidas, se bem que as tais meninas recatadas vivessem numa rígida obediência à vetustez dos hábitos patriarcais, o que, no final de contas, não impediu que uma tivesse engravidado de um tal Aparício, pintor de profissão, homem já casado, que durante uma temporada andou lá por casa a renovar o estuque e a pintura das paredes, com especial esmero do quarto de dormir das meninas, que deram por falta de uns pares de cuecas e sutiãs, mais tarde utilizados para solitária satisfação erótica do pintor, tendo a outra mana acabado por fugir de casa aos dezasseis anos com um angariador de seguros que, com tanta lábia, acabou por convencer o paizinho a adquirir seguros de vida para si e para a dona Ester, a sua estremosa esposa, um seguro automóvel para as duas viaturas particulares e para os pesados da empresa, daqueles contra todos os riscos e que custam os olhos da cara e cujo prémio acaba por se manter mais ou menos na mesma apesar dos veículos se irem desvalorizando todos os anos a olhos vistos, para além de um seguro familar, daqueles que cobrem tudo e mais alguma coisa e que, num dia de azares maiores, vai-se a ver nas entrelinhas e não servem para o que é preciso, muito menos para impedir que uma filha se ponha a mexer com quem lhe der na gana, ou melhor, com quem lhe sopre ao ouvido meia dúzia de falinhas mansas, é no que dá querer mantê-las fechadas em casa a todo o custo em vez de as deixar ir ganhando experiência de vida, e a tal menina Anabela Cidade, mais moderna, como se dizia, mais vivida, a tal doidivanas, acabou os estudos, foi para a universidade formar-se em medicina, fez um casamento de estalo com um economista de sucesso, e acabou a passar a certidão de óbito ao desgostoso senhor Serra.

    Posted by: Rezendes / sábado, julho 22, 2006
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