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  • quinta-feira, abril 06, 2006

    Hoje é o dia da minha morte

    F

    oi o título que deu à crónica do jornal para onde escrevia, o que não deixou de surpreender o director, a redacção, uns tantos que conhecia por lá, a palavra espalhou-se, telefonaram-lhe para casa, para o telemóvel, encheram-lhe a caixa de correio electrónico de mensagens, de conselhos, de conversa fiada, alguns atreviam-se a emprestar-lhe dinheiro caso o problema fosse uma questão de finanças, uma ou outra voluntariava-se para o acompanhar noite fora, não fosse o desespero dever-se à solidão, mas poucos saberiam que era apenas uma questão de estar farto, de não querer viver mais, de achar que já chegava, que a vida já lhe tinha dado o que tinha a dar, que dela não esperava mais nada, que - e seria principalmente isto - as palavras já não lhe causavam surpresa, não entrevia nada de novo no que pudesse vir a escrever, e ainda menos no que teria para ler, nada lhe interessava, nem gente, nem conversa, nada de nada, lembrou-se de um jornalista que anunciava, numa fita vista há anos, que se ia matar em frente das câmaras, o seu pudor não se atreveria a tanto, afinal era apenas um tipo que escreve crónicas num jornal e não uma estrela dos noticiários televisivos, era muito menos sofisticado do que isso, vogava mais nas sombras, por detrás de umas manchas a negro num fundo esbranquiçado, um ruído tão ténue que mal se dava por ele, mas as sombras são assim mesmo, se de repente desaparecessem é que seria o bom e o bonito, uma pessoa habitua-se a que elas estejam ali, lado a lado com os gestos, depois esquecemo-nos delas e nem nos perguntamos como seríamos caso levassem sumiço, é no que dá tomar uma coisa ou alguém por garantido, o que não deixa de ser uma atitude um tanto ou quanto irresponsável, mas como é que alguém se pode responsabilizar por uma coisa dessas, só se fosse louco, que era o que diriam a respeito dele, mas o tipo vai matar-se porquê?, a que cargas d'água?, não há problema que não tenha solução, afirmariam os dotados de espírito mais prático, foi um desgosto de amores, sustentariam os mais propensos para o drama, se calhar tem alguma doença incurável, proporiam os neurasténicos, qual doença, qual quê, viriam a terreiro os optimistas, aquilo é mania, mas o certo e sabido é que nunca mais ninguém lhe pôs a vista em cima, e até hoje ninguém faz a mínima ideia do que lhe aconteceu, nem com polícias de investigação à mistura nem nada.

    Posted by: Rezendes / quinta-feira, abril 06, 2006
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