Blogger

Gatos e outros tipos de estofos
Noutras linguagens: Cats and other kinds of stuff

Contribuidores

  • JCCosta
  • Rezendes


    • Logótipo do blogue

      Outros estofos do Rezendes


      Estofos para preguiçar
    • Abaixo de Cão
    • Afixe
    • A funda São
    • Ai o Cocó!
    • Anarca constipado
    • Ao Sabor do Vento
    • As Ruínas Circulares
    • Atrás da porta
    • Blogotinha
    • Bomba Inteligente
    • Duelo ao Sol
    • Elasticidade
    • Espelho Mágico
    • Eternamente Menina
    • Eu hoje vou
    • Impertinências
    • jUst bEiNg PeCoLa
    • Letras para EnSonar
    • Levemente Erótico
    • Linha de Cabotagem
    • Lolaviola's Journal
    • Meia Livraria
    • Mulher dos 50 aos 60
    • Objectos
    • Ocidental Praia Lusitana
    • O Vizinho
    • Peciscas
    • Random Precision
    • Retalhos na vida de um prof
    • Rodrigues na Net
    • Tó Colante
    • Uma sandes de atum
    • Vareta Funda
    • Webcedário
    • You've Got Mail
      Estofos acerca de blogues
    • Blogopédia...
    • Weblog
      Estofos arquivados
    • novembro 2004
    • dezembro 2004
    • janeiro 2005
    • fevereiro 2005
    • março 2005
    • abril 2005
    • maio 2005
    • junho 2005
    • agosto 2005
    • setembro 2005
    • outubro 2005
    • novembro 2005
    • dezembro 2005
    • janeiro 2006
    • fevereiro 2006
    • março 2006
    • abril 2006
    • maio 2006
    • junho 2006
    • julho 2006
    • setembro 2006
    • outubro 2006
    • novembro 2006
    • dezembro 2006
    • janeiro 2007
    • maio 2007
    • junho 2007
    • dezembro 2007



  • Procure aqui no GOOGLE 
     (Não é publicidade gratuita, não senhor, é só porque pode ser útil):



  • Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com
  • Estou no Blog.com.pt
  • lavalife website counters
  • quarta-feira, março 01, 2006

    Paranóias

    O

    lhou para os sapatos antes sequer de se ver ao espelho, e notou que havia uma diferença entre eles, muito pequena, quase subtil, mas ainda assim uma diferença, um ligeiramente mais claro do que o outro, o que o levou a estranhar tal disparidade, como é que tal podia ser possível se sempre prestara a mesma, a mesmíssima atenção e os mesmos desvelos a ambos os elementos do par, estava-se mesmo a ver que ia ser apontado na rua, «olha, vai ali um com dois sapatos diferentes», «aquele vestiu-se a dormir», «não querem lá ver que o homem é anormal», «mais um daltónico para a banda», «desmazelado, é o que ele é», no emprego então o melhor é nem falar, «'tavas ceguinho quando acordaste hoje ou quê?», «pediste um sapato ao vizinho?», e outras piadas no género, assim é que não podia ser, ainda que saísse à rua despenteado vá lá que não vá, agora com sapatos diferentes é que não, ainda que fossem do mesmo par e quase não se notasse, mas ele notava, e é certo e sabido que muita gente se põe a olhar para os sapatos que se leva nos pés, como se tivessem alguma coisa que ver com isso, criticam a cor das meias, apreciam se dão com a camisa, com a gravata, com a cor dos olhos, do cabelo, até com o tom da pele, bolas, bolas, bolas, não lhe apetecia nada descalçar-se outra vez, agora ia ter que mudar de meias, de camisa, de gravata, vestir outro fato, apertar as calças com outro cinto, se calhar até tinha que levar outro relógio, que há gente que nota tudo, tudo e mais alguma coisa, se calhar não têm mais nada que fazer na vida senão pôr-se a observar o que os outros levam vestido, ou calçado, ou enfiado no pulso, ou seja lá onde for, desde que esteja à vista, mas a que diabo é que se devia aquela mínima diferença entre os dois pés, se bem que mínima era até exagero, da última vez que engraxara os sapatos usara a pomada da mesma bisnaga, escovara-os a ambos as mesmas trinta vezes, da esquerda para a direita e da direita para a esquerda, de cima para baixo e de baixo para cima, para trás e para a frente, dos lados e em toda a volta, por mais que pensasse não conseguia chegar a nenhuma conclusão, isto era grave, muito grave, podia custar-lhe um dia de trabalho, uma semana, um mês, uma data de clientes, arriscava-se a perder o emprego, tudo por causa de uma quase imperceptível dissemelhança entre um sapato do pé direito e um sapato do pé esquerdo, que se danassem os pés, os sapatos, o chefe, o emprego, os clientes, hoje dava parte de doente e ficava de cama e pronto.

    Posted by: Rezendes / quarta-feira, março 01, 2006
    |

    << Principal

    This page is powered by Blogger. Isn't yours?

    Creative Commons License