Não sei dormir sem ti.
Parece que aqui estás
sem te perceber ao lado,
sem me dizeres as palavras do sono
de que preciso para saber
como hei-de deitar-me na cama
para esquecer os momentos da vida
em que não te posso olhar.
Acendo a luz e vejo apenas sombras,
mais nada,
ouço o silêncio do papel,
um ligeiro raspar da caneta,
suave lamento sem remédio,
entre mim e ti há uma noite,
alguns quilómetros, casas, gentes,
podia ser o mundo tudo
que era o mesmo que isto.
Apago a luz e choro.
Sei que vou adormecer daqui a pouco,
já me vão faltando as palavras.