Por força de circunstâncias que agora não vêm ao caso, tenho jantado por diversas vezes num restaurante, que hoje em dia expressões como casa de pasto já cairam em desuso, chamado Central de Santa Bárbara, onde se recomendam refeições de peixe grelhado, robalo, dourada, carapau, cherne, sardinhas, as lulas e, até, carnes diversas, isto para nem falar das fanecas, que é peixe que nem aprecio por aí além mas de quer há indefectíveis adeptos, e de que há que dizer que baste, a começar pelos preços bastante em conta nestes dias de carestia, até às pessoas que o frequentam, passando, inevitavelmente, por empregados de mesa e cozinheiros, gente de bom trato, delicadeza e simpatia q.b., dando até para escolher, logo à entrada, o peixe que se pretende grelhar, que é de imediato posto de parte e colocado na grelha antes que alguém mais dele se aproprie, que as vitualhas também são limitadas e a clientela abunda, o que não é de admirar, agora motivo de surpresa é a diversidade das suas origens, que por lá aparecem novos e velhos, das mais variadas origens e nações, que por lá tenho visto com frequência alemães, com aquele linguajar que Deus lhes deu e que pelos vistos pretendiam impor ao mundo, vá-se lá saber como, que só a conseguiram impingir aos vizinhos mais próximos, italianos em abundância, e já por lá tenho ouvido espanholadas e francesadas, se calhasse estar mais atento teria até escutado outras demais estrangeirices, é por certo estranha a clientela, quem estará a par das razões que a tais diversidades levam, eu é que não, espero que a vizinhança com o novo supermercado de drogas ali aos Anjos não esteja com isto relacionado, que o corropio de gentes ali por aquelas bandas é evidente lá isso é, quase paredes meias com um quartel da guarda, mas isso também não é de estranhar, que todo o mundo sabe onde ficam tais serviços e por lá continuam às claras e às escuras sem que neste país alguém diga já basta e acabe com aquilo de uma vez por todas, é coitadinhos daqui e coitadinhos dali e pronto, fica tudo na mesma, se não ainda pior, agora que o sucesso do estaminé é de arromba lá isso ninguém lhe tira.