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  • sexta-feira, junho 17, 2005

    O meu comentário ao senhor Random Precision


    R

    eagi um bocado de sopetão ao post do senhor Random Precision com o texto que se segue, que ficou um tudo-nada longo, e que tive que deixar na sua caixa de comentários aos bochechos, não sem antes ter levado com uma recusa já na parte final por ser considerado spam, aproveitando para o expurgar das gralhas que apareceram semeadas aqui e além, esperemos que na sua totalidade, muito embora por vezes alguma falta de atenção me ataque a visão, que anda já um bocadinho afectada porventura por excessos de leitura e, quem sabe, também por demasiadas horas à frente de ecrãs de computador. Mas fica a promessa de um futuro post sobre a honestidade de advogados e outros quejandos.

    «Para começar, da greve de hoje pouco sei, já que, como professor que sou, fui convocado para comparecer na escola onde lecciono meia hora antes do início dos exames, muito embora estes que hoje se realizavam fossem da mesma disciplina que lecciono e que, portanto, nunca poderia vigiar, já que iria contrariar o legalmente disposto. No entanto, não foi esse o entendimento dos responsáveis, que, pelos vistos começam a fazer questão de ignorar as leis.

    Como é estranho e contraditório o discurso dos socialistas.

    Em segundo lugar, não sei se os exames podem ser considerados ou não serviços mínimos; o que sei é que não conheço nenhuma instituição ou serviço onde tenha havido greves e tenham convocado TODOS os profissionais em serviço. Que eu saiba, serviços mínimos não significam a mesma coisa do que serviço normal (que aliás de normal não tem nada), já que as escolas não têm estruturas para garantir a todos os que nela trabalham um espaço onde o possam fazer quando não se encontram a leccionar, não havendo gabinetes, nem salas de trabalho ou sequer secretárias onde se possa trabalhar em condições, muito menos o ar condicionado que pulula por outros locais onde há gente sem nada fazer o dia inteiro a não ser navegar em blogues ou a jogar no computador. E assim poderemos falar acerca de horários de trabalho, de trabalho efectivo, e não de joguinhos nem de conversas para o lado, inter pares, ou seja lá com quem for. É que o horário de um professor não é para conversar, mas sim para dar atenção constante aos vinte e tal alunos que tem à sua frente, e que requerem constante atenção, muitas vezes sublimando o pouco carinho que obtêm em casa, o reduzido ou inexistente tempo que os pais lhes dispensam. Ou, noutros casos, para lhes dar continuamente noções de civismo, para atender aos seus problemas pessoais, característicos de uma fase de crescimento, para resolver disputas, invejas, confrontos, que os há, e muitos, e, até, para lhes fazer ver que tudo o que alguns pais lhes dão pode ser excessivo, que o mundo não é apenas consumo, o que, pasme-se, é frequente acontecer. A desigualdade começa tantas vezes aí.

    Entremos agora pelas remunerações. O vencimento de um professor é baixo, se o compararmos com quaisquer outros licenciados e, se estabelecermos paralelos com outros países europeus, mesmo tendo em conta a diferença de nível de vida, continua a ser baixo. Um professor só atingirá o topo da carreira aos vinte e seis anos de serviço; a partir daí, mesmo que trabalhe outro tanto, a progressão parou. Onde estará então a progressão por mérito? Para chegar onde? Se de facto pensarmos que um professor é um trabalhador por conta de outrém, que o é, os seus impostos são-lhe directa e imediatamente descontados, mês a mês, pelos serviços administrativos. Não pode, como muitos advogados e outras profissões liberais fazem, receber dinheiro e nem chegar a passar recibos. Imagino que a honestidade desses profissionais os levará a declarar TUDO ao fisco, mesmo aquelas verbas que são recebidas sem que haja comprovativo do seu recebimento. E é prática corrente em certas destas profissões fazerem o que tantos fazem, ou seja, avisarem o cliente de que, se quiser recibo, terá que pagar mais não sei quanto. Que honestidade. Que exemplos de civismo. São, na verdade, admiráveis e dignos de imitação.

    Falemos dos exames. Os exames do 12º ano competem às universidades, já que contituem única e exclusivamente uma forma de seriação dos alunos para o acesso ao ensino superior. Só que as universidades sempre se recusaram a fazê-los. Dão trabalho? Pois é... Se as escolas secundárias se têm substituído às universidades, então por que razão é que essas provas não passam a ser feitas por aqueles que obtêm nisso proventos, tendo a sua tarefa facilitada? Será por esse mesmo motivo que esses exames são pagos. E quanto a este assunto haveria muito que discutir. Se os enunciados são entregues nas escolas pela polícia, que depois as recolhe e leva para uma escola onde está centralizada a sua distribuição pelos professores correctores, que segurança é que tem um destes professores ao ter que ir posteriormente buscá-las e devolvê-las por sua conta e risco? Quem lhe garante a segurança desses documentos? Ninguém. Nem sequer existe seguro para tais situações.

    Repito: como é estranho e contraditório o discurso dos socialistas.

    Não sei em que se baseia a ideia de que os professores têm férias de três meses. Penso que deverá provavelmente basear-se nas férias judiciais que eram de dois, e digo eram, porque agora, pelos vistos, foram reduzidas para um. E devem ter ficado profundos ressentimentos. É frequente um professor passar muito mais tempo nas escolas depois de as aulas terem terminado do que antes. O trabalho de encerramento do ano lectivo e de preparação do próximo assim o exige. Porventura pensar-se-á que são os funcionários administrativos das escolas que fazem as matrículas, que constituem as turmas, que telefonam para casa a avisar os alunos de que terão que deslocar-se à escola para reverem o seu processo de matrícula, que ficou incompleto ou que contém incorrecções, ou que foi alterado porque a tutela não permite que a disciplina que o aluno escolheu possa funcionar com um número mais reduzido de alunos, quando uma boa parte das respostas que se obtêm desses telefonemas são de que estão de férias e que só em Setembro é que irão à escola regularizar a situação, impossibilitando ou dificultando a constituição das turmas, e a realização dos horários. Tal e qual. São uns funcionários administrativos chamados professores. Isto para além de também haver reuniões preparatórias, de avaliação dos projectos curriculares, da sua reformulação, dos inventários, dos relatórios finais, da apreciação de recursos, do levantamento de necessidades, da distribuição de serviço, da verificação dos documentos. Isto sem mencionar as vigilâncias a exames e a constituição de júris, a realização de exames internos de equivalência à frequência, para os alunos que pretendem melhorar classificações, bem como para os aplicados alunos que reprovam por execesso de faltas. Grande parte destas tarefas deviam ser efectuadas pelos serviços administrativos, que simplesmente não o fazem. Quem os substitui? Claro: os professores.

    Falemos então das explicações, uma forma já antiga de economia subterrânea que ainda persiste, como outras mais de profissionais liberais, isto apesar de haver já instituições em funcionamento que trabalham neste domínio e que possuem contabilidade organizada. E quem delas usufruiu, por necessidade umas vezes, por incompetência de alguns professores, aceito perfeitamente, que há profissionais competentes e incompetentes em todas as profissões, mas outras vezes porque os alunos não prestam atenção nas aulas, quando lá vão, que o absentismo também é causa das dificuldades de aprendizagem, chamemos-lhes assim, que não se esforçam, porque o esforço custa, e o que é necessário é diversão a todo o momento, essas pessoas contribuem para que esse tipo de fuga aos impostos se perpetue. Não é fácil diversificar estratégias em turmas de vinte e tal alunos, prestar-lhes uma atenção personalizada e eficaz face à diferença de aprendizagens e de percursos de aprendizagem destes alunos, que muitas vezes possuem dificuldades em determinadas matérias porque o que aprenderam até então é muito pouco ou quase nada, e só naquele momento se dão conta disso, constituindo um grave problema de atenção de quem também os devia acompanhar nos seus percursos escolares, as famílias, os encarregados de educação, que em muitos casos nem se encarregam dos filhos, quanto mais da sua educação, gostando no entanto de ostentar o epíteto.

    A formação contínua de professores possui na verdade graves deficiências no seu funcionamento e nos conteúdos de uma boa parte das acções. Mas é, apesar de tudo, uma prova de que a progressão na carreira não é automática, como se diz. Não compreendo que haja centros de formação que nos seus planos contenham autênticos disparates. Mas também é preciso que se diga que nem todos estes centros são dirigidos por professores. E constituem um organismo à parte das escolas, muitos nem a elas estando ligados. Do que conheço, posso falar; dos outros, obviamente que não estou para isso habilitado nem tenho conhecimento suficiente que me permita fazê-lo. Mas pelos vistos há quem tenha. Mesmo sem nunca lá ter posto os pés. E o que sei é que sempre foi preocupação desse centro que conheço ministrar acções sobre áreas científicas relacionadas com as disciplinas ou com o nível de ensino dos candidatos, sobre as novas tecnologias de informação, porque são hoje um factor inescapável para quem lecciona, ou sobre aspectos de pedagogia ou de organização dos estabelecimentos de ensino, desde a formação de um projecto educativo à avaliação das escolas.

    Entremos agora na questão do mérito. De que mérito se trata? Do de leccionar em escolas inseridas em zonas de classe média ou média-alta, cujos alunos são o reflexo do ambiente familiar de quem ali vive, tendo por isso acesso a todos os meios e a informação acessível apenas a alguns? Ou do de leccionar em escolas de subúrbio de classe baixa ou média-baixa, frequentadas por alunos provenientes dos PALOP's ou de outros países, de entre os quais se destacam presentemente os da antiga Europa de Leste, cuja colocação num determinado nível de ensino a escola é obrigada a aceitar, não podendo sequer conceder a esse aluno um ano de preparação, de adaptação, e que em muitos casos nem falam português, que não têm livros em casa, que não têm computadores, que vivem sozinhos o dia inteiro, sem ninguém que fale com eles e os acompanhe? Como se pode sequer alegar tal disparate? Não é possível seriar as escolas apenas pelas classificações obtidas pelos seus alunos, já que as variáveis sociais criam enormes disparidades. Bem que foi tentado há dois anos na seriação dos resultados dos exames do 12º ano, que contudo colocam ao mesmo nível escolas secundárias de zonas como a Portela de Sacavém e o Catujal. Brilhante, sem dúvida. Só quem desconhece por completo a realidade desta sociedade que temos é que pode tecer semelhante raciocínio.

    Concordo plenamente com a avaliação por mérito. Mas é necessário saber quem avalia esse mérito e de que mérito se trata. Porque se é mérito obter resultados de 15 ou 16 em escolas de zonas privilegiadas e não o é obter médias de 12 ou 13 em escolas em zonas consideradas complicadas, quem tal afirme sofrerá certamente de uma cegueira profunda acerca do que é o panorama da educação em Portugal.

    E, se os professores são avaliados, são-no de facto todos os dias por aqueles que directamente consigo lidam e que até frequentemente o fazem com algum discernimento: os alunos. Muito embora estes prefiram um professor que dê umas baldas e passe os dias com conversas de chacha do que um professor mais rigoroso e exigente. Basta ouvi-los. Porque pelos vistos ser exigente é desagradável. Mas sem o ser é que não se conseguem resultados nenhuns. Conheço poucas classes profissionais que sejam avaliadas desta maneira. Ou que cheguem a sê-lo alguma vez nas suas carreiras profissionais para além dos exames finais de curso. Porque sabem enganar. Porque dominam uma linguagem a que poucos têm acesso, que se encerra a si mesma em normativos feitos por colegas de profissão apenas para serem acessíveis e interpretadas por outros colegas de profissão. Boa. Vê-se afinal para quem trabalha tal gente. Duvido muito é que se progrida com tais cabalísticas.

    O que gostava de ver era as pessoas falarem acerca daquilo que realmente sabem. Isso é o que eu gostava. Porque um país de bitaites já somos há séculos. E sem mérito nenhum. E com tais bitaites continuamos a não sair da cepa torta. Que até podia dar bom vinho. Mas não me parece.»


    Posted by: Rezendes / sexta-feira, junho 17, 2005
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