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  • quarta-feira, junho 15, 2005

    Meias tintas


    I

    a no vai-que-não-vai, no pode-ser-que-sim-pode-ser-que-não, no tanto-se-me-dá-como-se-me-deu, chamavam-lhe por isso o Assim-Como-Assim, outras vezes o Tanto Faz, que era marca sua que deixava indelével em toda a gente com quem travava conhecimento, nos que, por motivos profissionais, se cruzavam com a sua vida, tinha fama de deixar a família ao-Deus-dará, cada qual se governando o melhor que pudesse e soubesse, a vida, segundo ele, não estava para mais, nas meias-tintas é que estava a solução, e dali não saía nem por nada, nem que lhe fizessem ver que uma pessoa às vezes tem mesmo que tomar uma decisão final e definitiva, que não senhor, que qual decisão, qual carapuça, no meio é que estava a virtude, era bem sabido e ideia generalizada e até bem do agrado da maioria, ficar de mal com uns para agradar a outros ou vice-versa era coisa que não lhe agradava, muito embora achasse, bem lá no fundo, que isso era uma espécie de contradição com a sua maneira de estar na vida, o que era ainda outra contradição, já que ter uma opinião formada nem por sombras lhe caía no goto, a maior parte das coisas nem lhe agradavam nem desagradavam, e assim é que devia ser, já n'Os Lusíadas a história começava a meio da viagem, o Camões é que era dos dele, zás, ia-se logo para o meio sem sequer contar como é que tudo começara, depois logo se via, tudo havia de arranjar-se, de encaixar nos lugares certos, e se não fosse desta maneira, pois paciência, ia dar ao mesmo, era mais-coisa-menos-coisa, aos direitos cívicos fazia orelhas moucas, porque uma pessoa teria que fazer opções, e isso não lhe cheirava lá muito bem, e então nunca votava, muito embora sentisse uma espécie de inclinação para os partidos do centro, nada de definitivo, está bem de ver, que era o que mais faltava ter que escolher fosse o que fosse, acto impensável para a sua personalidade, já que implicaria uma rejeição, e muito menos era dado a religiosidades, mas também não era ateu nem nada que se parecesse, ficava-se algures pelo meio, sem-rei-nem-roque, e quanto a chefias, fosse lá no trabalho ou no país, pois viesse quem viesse, que já se sabia que ia tudo ficar na mesma como a lesma, o que até nem lhe desagradava de todo, habituado que estava a que dessem uma no cravo e outro na ferradura, quem estivesse à espera de mudanças pois que fosse para o estrangeiro, já que, de tais medidas, as que, a muito custo, lá iam singrando, passavam-lhe de raspão, adaptava-as à sua maneira, que era achar que ia tudo dar ao mesmo, só que um dia decidiram atribuir-lhe responsabilidades no emprego, puseram-no à frente de um lugar importante, daqueles em que se torna de repente urgente e fundamental tomar decisões, para além de ter que lidar com um pelotão de subalternos, e aí entrou em depressão profunda, foi definhando a olhos vistos e um dia deixou mesmo de aparecer no trabalho, veio-se depois a saber que tinha aderido a um partido de extrema-direita, rapara o cabelo e andava metido em acções de terrorismo urbano, com assaltos a bancos e fabricação de bombas e tudo, tinha já a cabeça a prémio, quando finalmente o apanharam aos costumes disse nada e nunca mais pronunciou uma palavra que fosse que não descambasse logo para slogans decorados de livros e panfletos, numa toada monocórdica e em que não havia nem pitada de discurso pessoal, acabando por morrer na cadeia, esfaqueado por um outro presidiário por causa de coisa nenhuma.

    Posted by: Rezendes / quarta-feira, junho 15, 2005
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