Por aqui não há vozes,
sorrisos, carícias.
Por aqui há apenas letras, palavras soltas,
nomes fingidos, e alguns sonhos.
Por aqui vive-se depressa,
uma vida a brincar,
escondida no meio dos outros.
Por aqui não se morre,
e quando se chora as lágrimas são letras,
pequeninas, perdidas no meio do mar.
Por aqui o sal não é sal,
um sorriso parece de papel,
porque nem fica escrito.
Por aqui pareço ser quem sou
e sou quem não pareço,
escondido,
a fazer caretas atrás de um vidro
que nem é transparente.
Por aqui vou deixando
pedaços de vida,
devagar, um após outro,
até deixar de pensar.