Andei seriamente a pensar se não seria de criar o blogue do assim-assim, que depois do blogue do não, e sendo uma pessoa até certo ponto optimista acredito que já alguém tenha criado o blogue do sim, pois este assim-assim é coisa que até pode fazer falta, para os mais indecisos, que são habitualmente a maioria, não direi silenciosa, mas pelo menos cheia de dúvidas lá isso é com certeza, colocando já de parte a possibilidade de que as dúvidas provenham da ignorância, daquele estado de espírito de quer-que-se-lixe, de o-que-eles-querem-sei-eu, ou coisa no género, até podia ser que se tornasse num útil espaço de discussão, porventura de desabafos, de espairecimento, escatológico, que é palavra que está relacionada com excrementos, e não são raras as vezes em que o espírito está tão cheio de lixo que o que apetece mesmo é despejar o saco, pois caso já alguém se tivesse lembrado de reservar tal denominação podia ainda optar pelo blogue do talvez, do mais-ou-menos, do pode-ser-que, do vai-se-ver, qualquer um destes títulos seria uma franca possibilidade face ao que estamos habituados neste nosso país, que uma pessoa vai toda contente da vida ver se consegue despachar um assunto e o mais que leva para casa é um vai-se ver o que é possível fazer, pode ser que amanhã seja possível, que hoje já estamos com muito serviço, isto talvez dê ou talvez não, quem sabe, o que não é de desprezar, o blogue do quem sabe, um tudo-nada diferente de um jogo que havia em tempos que já lá vão e que era o quem sabe, sabe, outro que agora me veio à memória era o do sabichão, e desses há muitos por aí, ao que dizem, que eu nunca tirei a prova dos nove para ver se conferia, coisa de somenos, poder-se-ia dizer, que tal prova nos dias que correm já não prova nada, dizem os pedagogos, desses que podem ser englobados na categoria logo acima e que são os que sabem tudo e mais alguma coisa, até como é que se deve dar aulas sem terem dado uma aula que fosse na vida, pelo menos daquelas com livro de ponto, sumário e planificação realizados com a devida antecipação, e com trinta pares de olhos à espreita, a ver quando é que o desgraçado ou a desgraçada se distrai para lhe caírem em cima com todos os disparates de que são capazes, na maior parte das vezes nem é preciso esperar o momento mais propício, é logo à entrada na sala, lá dentro então nem se fala, o melhor é nem falar nisso, que nem com prova dos nove a coisa vai lá, quanto mais a contar pelos dedos, depois é o que se vê, nem uma contita de somar, quanto mais de multiplicar ou uma raiz quadrada, uma regra de três simples então é despicienda, coisa inútil, afinal servirá para quê aprender tais cálculos, para nada, certamente, isto dirão os que sabem tudo, os que, filosofando, dirão que só sabem que nada sabem, o que já é saber demasiado, isto acho eu, que sei alguma coisa, mas pouco, o que é preciso é ser modesto e não andar por aí de crista levantada como quem já não tem nada a aprender, por isso pensei nesses assim-assins, nesses talvezes, ai, ai, que já me vão aqui bater pelas audácias com o português, se bem que já estou habituado, por isso mais coça menos coça tanto faz, que podia ser outra alternativa, o tanto-faz, assim-como-assim mais uma, vá-lá-que-não-vá outra ainda, se ficasse aqui a matutar no assunto chegava a mais umas quantas, isto tudo só porque nem-sim-nem-não.