Face a tanta poupança e com a crise de que toda a gente fala, mais vale nem sequer pensar em gastar dinheiro, e amealhar moeda a moeda à semelhança do Tio Patinhas, se bem que o pior é que, com a ladroagem que para aí vai, nem se pode sequer dizer que se anda a guardar dinheiro, e ainda menos anunciar quanto se ganha, que isto do IRS anda pior do que a polícia secreta do tempo da velha senhora, que eu nunca conheci, a senhora, diga-se, nem posso sequer testemunhar que fosse tão velha como se dizia, ou mais nova do que ameaçavam, dos velhos que me lembre só o do saco, que era historieta anunciada para os que não se portavam como devia ser, mas lá a polícia tive por diversas vezes o desprazer de dar de caras com um ou outro, e uma vez até me procuraram em casa por andar metido em esquerdismos e em cooperativas culturais, depois foi vê-los a mirar os livros e os discos a que haviam de deitar a unha, se bem que a minha impressão foi de que estavam a olhar que nem boi para palácio, que eram os títulos que contavam e mais nada, para além de um ou outro autor daqueles proibidíssimos e cujo nome não enganava ninguém, nem sequer os mais distraídos apreendedores, por isso o que me admira é que venham uns para aí afirmar nos jornais que querem, que exigem, indemnizações de cento e tal mil euros por terem sido metidos na rua de administrações de uma casa que há lá agora no Porto e que andou enguiçada durante uma data de tempo até ser estreada com não sei quanto tempo de atraso e não sei que défice em relação ao que se pensava que iria custar, e isto quando andaram para aí a anunciar que iam dar às famílias dos agentes mortos em serviço um pouco mais de noventa mil euros, é bem de ver que mais vale ser despedido do que ser morto, e se for por incompetência ainda melhor, que se uma pessoa é posta no olho da rua porque não serve para gerir seja o que for ao menos a incompetência não é tanta ao ponto de se deixar matar, eis uma lógica interessante, esta, para já não falar de moralidades, que nisso não pretendo dar lições a ninguém, não sou daqueles que andam de altifalante em punho a dizer que este aquilo e o outro aqueloutro, as minhas verdades, se alguma vez as tiver, planto-as aqui no meu quintal e está feito o serviço, mal ou bem, é o melhor que posso e sei, e garanto que não me vão ver por aí pelas televisões, muito menos ouvir-me pelas rádios, nem ler-me nos jornais, a apregoar cantilenas de maldizer, isto dos trovadores é coisa do antigamente, depois ainda vinha o escárnio, não, nem me meto nisso, agora que há coisas que incomodam lá isso há, anda para aí uma cambada de chupistas a ver se levam o doce todo e depois rapam a panela, com mais um bocadinho de audácia ainda levam a panela mesmo depois de vazia, se calhar ainda vão dizer aos amigos que aquilo é que é uma injustiça, tanta dedicação para nada, bem, nada, nada, não será bem assim como dizem, que gente como essa não se contenta com pouco, vai-se a ver e porventura ainda escapam aos impostos, que os outros que morreram, esses é que já não os pagam com certeza, fica a cá a família a penar e a pagá-los por eles. Haja tino. Francamente.