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  • terça-feira, abril 26, 2005

    Linguajares


    Z

    ê é a última letra do alfabeto, pelo menos nas linguagens em que a gente se entende, que há por aí umas quantas um tanto ou quanto estranhas e arrebicadas, com altos e baixos como as ondas do mar, com respingos e tudo, devem ser boas para quem gosta de surfar e de perder-se naqueles bravios, mesmo sem prancha nem nada, depois há umas assim um tanto ou quanto quadrangulares, mais antigas que Matusalém, e outras com espirais que revoluteiam no ar e que chamam elas à Grécia, que é uma forma estranha de dizer Grécia, que elas, cá para mim, são as miúdas, as mulheres, as tipas, as gajas, as... elas, mesmo se lhes meterem um agá no início e dois éles pelo meio, não deve ser bom da cabeça quem diz elas quando o que quer dizer mesmo é Grécia, para além do facto de dizerem calistera para bom dia ou boa tarde, já não tenho a certeza, e eu cá de calisto tenho uma impressão muito negativa, que onde cresci dar calisto significava dar má sorte, dar mau olhado, era preciso bater na madeira para não ficar debaixo de tais bruxarias, além do mais veio-me agora à memória, nem sei bem porquê, se calhar são associações estranhas ao azar que faço de vez em quando, um dentista que se chamava Aristides, o Doutor Aristides, de quem hei-de falar um dia destes, que só me traz dolorosas memórias, mas também onde cresci só havia gente com nomes um tanto ou quanto esquisitos, daqueles que se prendem a um canto das reminiscências e que nunca mais de lá saem, por exemplo uma sala de cinema que se chamava Esplanada Peixoto, ora quem é que se lembra de chamar a um cinema Esplanada Peixoto, só se não estiver bom da cabeça, e recordo um tal senhor Secundino, um outro chamado senhor Honorato, que não tinha uma orelha e que tomava banho num daqueles fatos do início do século, com peitilho, alças e tudo, ou o senhor Cirino, já de avançada idade, e que afirmava, a propósito das mulheres, que na idade dele já não conseguia fazer nada a não ser sopinhas, sopinhas, o que já nem era mau de todo, e a garotada a ouvir aquilo e a matutar que raio de sopas é que haviam de ser aquelas, se calhar era por causa de ser desdentado, levou uns anitos até percebermos que as sopinhas do senhor Cirino afinal traziam água no bico, para não dizer outra coisa, que o velhote era mas era fresco, depois havia a Viúva Alegre, que era amiga do senhor Cirino e de uns quantos mais, e a gente a pensar que tanta alegria devia ser por gostar de andar metida em festas que metiam sopas de vários tipos, nem nos passava pela cabeça o tipo de festas e de sopas que seriam, que com tantos anos de experiência de vida já deviam ter percorrido o alfabeto todo de á a zê, incluindo aquelas letras que nem se usavam, como o kapa, o duplo vê, o ípsilon, se calhar até lhes dava para experimentarem os tais alfabetos estapafúrdios e o kamasutra, que soava a coisa dos orientes, que metiam mulheres de pele tostada e olhos em bico, cheias de manias que nem nos passavam pela cabeça, também aquilo não era gente cristã nem nada, por isso bem que podiam dar-se a esses luxos que depois não tinham a padraria à perna a mandar rezar avé-marias e padre-nossos por dá cá aquela palha, a vasculhar nas nossas intimidades o que é que andávamos a fazer nos nossos tempos livres, e pior ainda eram as salvé-rainhas e os actos de contrição, que saíam todos aldrabados porque já ninguém se lembrava da conversa toda, ficara apenas uma palavra aqui e outra acolá, e os pecados mortais passavam a pecados imortais, já que, como era bom de ver, com tantas trocas e baldrocas já nenhum se safava das profundezas do inferno e mais valia aproveitar, assim como assim só as velhas desdentadas que passavam a vida nas missas é que haviam de ter o seu lugarzinho assegurado lá nos paraísos e, para sermos francos, o paraíso não devia ser um lugar mesmo nada interessante cheio de velhas desdentadas e de homens de batina a darem carolos a toda a hora por tudo e por nada.

    Posted by: Rezendes / terça-feira, abril 26, 2005
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