Das duas, uma: ou vai ou racha, não se vai lá por menos, assim como assim vai tudo dar ao mesmo, se uma pessoa não se esforça é porque coisa e tal, zum-zum pelas costas, não vale nada, vai trabalhar, malandro, desde que entra até que sai é o mesmo que nada, não faz nenhum e ainda por cima complica, passa a vida nos chétes, nos éme-ésse-énes, nos blogues, vai-se a ver e o computador está cheio até cá cima de fotografias de poucas vergonhas, e se acontece o contrário é pimba que torna, dá-lhe-que-dá-lhe, trabalho e mais trabalho, o do próprio e o dos outros, que é para ver se aprende e não dar graxa aos chefes, zum-zum pelas costas na mesma, a secretária cheia de porcarias, a cadeira idem aspas, o teclado do computador com teclas trocadas, o rato sem bola, o que vale é que a palavra-passe é pessoal e intransmissível e o administrador de sistema não dá cavaco a ninguém e não vai em cantigas, para além de passar por lá só de quando em vez e ter cara de poucos amigos, que andam sempre a encravar-lhe as máquinas, a fazer downloads de porcarias e a viajar por sites pouco recomendáveis e cheios de bicharia, entenda-se vírus, quantidade de nabos e nabas que para ali andam que até conseguem apagar ficheiros sem saber como é que fizeram, deviam era regressar todos à era do papel e lápis que era bem feito, porque essa gente nem merece os computadores que tem e a maneira como lhes tornam a vida mais fácil, ficam ali sentados o dia inteiro com o rabo no fofo a enviar ficheiros daqui para ali e a receber mensagens de correio electrónico e depois vão com o rabo tremido para casa que já nem querem andar nos transportes públicos, cada qual no seu carrinho a poluir a cidade e tudo quanto é sítio, almoçam em pé e nem se importam, fariam melhor se tivessem regressado lá para a terra de onde vieram e deixassem trabalhar quem sabe, que cambada de inúteis e de parasitas, é o que o administrador de sistemas pensa lá com os seus botões acerca do pessoal que trabalha lá na empresa quando lhe metem os grãozinhos de areia do costume no sistema operativo e nos programas e nas bases de dados e nos discos rígidos e no servidor, e os inúteis todos a meterem-lhe cornos pelas costas, a bichanar para cá e para lá que o tipo é mas é maricas e não joga com os trunfos todos e só quer é lixar o pessoal e fazer queixinhas ao patrão, e deixar nos relatórios que fulano e fulana fizeram isto e aquilo, e o patrão, lá no gabinete, a deitar fumo pelas orelhas, a chamar o fulano e a fulana e a ameaçar com despedimentos e com processos cíveis e sabe-se lá mais o quê, ela a fazer-lhe olhinhos bonitos que prometem noites agitadas e ele a fazer olhinhos de carneiro mal morto e quase a levar com um pontapé no traseiro, a justiça que há nesta vida não é igual para todos, fica ele a remoer, e a insultar a colega para dentro de mais isto e aquilo, que se usasse saias também caía nas graças do chefe, e ela vai ralada com os olhinhos de promessas ao patrão e fica a pensar naquilo o resto do dia e já não acerta coisa com coisa, um dia destes ainda leva um apalpão daquele nojento, se não for coisa pior, e depois chora e já nem sabe se há-de queixar-se de assédio, que se vai a tribunal vai passar uma vergonha, vão-lhe falar no olhar cheio de promessas, e o marido em casa sem saber de nada, a pensar que tudo corre bem, o casamento está-lhes ainda demasiado fresco na memória e nas marcas da vida para dar em divórcio, mas as pessoas é que fazem a cama em que se deitam, se bem que algumas deitam-se nas dos outros e o que é que se há-de fazer, nada, pois claro, algumas não vão lá por menos, que para elas é ou vai ou racha, das duas, uma.