Pare ao sinal vermelho, a frase está lá, mais ordem do que pedido, ou se calhar recomendação, avance por sua conta e risco, e por baixo um número de telefone para os que desesperem de tanto esperar, que se calhar ainda mais terão que aguardar até que lhes atendam a chamada, a espera pode ser prolongada, quem sabe, o aviso lá estará para alguma coisa, mas há um número na parede para sabermos onde estamos, a referência técnica, PN K 47.957, passagem de nível tal e tal, mas a janela fechada e já estragada não é bom sinal, por certo que não, quererá isto dizer que o funcionamento dos sinais está em directa relação com o estado de preservação dos vidros, as portadas fechadas que nos falam de ausência, não de recato, e os cartazes colados nas paredes vão ali ficando uns por cima dos outros, camadas de dias que já foram e que nunca mais serão, festas, bailes, nomes de grupos, de lugares, e haverá nomes de gentes, letras mais pequenas para quem tenha a persistência de ficar a decifrá-las, poderá haver quem o faça, quem passe a vida a ler o que vai nos cartazes, as letras miúdas, os pormenores, a intriga que lhes vai na alma, se houver bastante que esperar será uma maneira de passar o tempo, as pessoas precisam de letras, de palavras, de frases, se não as dizem têm que as ir buscar a algum lado, nem que seja aos cartazes.