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  • quinta-feira, março 03, 2005

    Do tempo do ronca

    A

    s coisas já não são como eram, ouve-se por aí todos os dias, ou mais ou menos todos os dias, que nem sempre uma pessoa dá de caras com tais pessimistas profissionais, há dias em que eles nem saem de casa, ocupados a ver as televisões e a mordiscar nos calos de tudo o que lhe aparece pela frente, seja gente, bicho, fruta ou vegetal, recusando-se terminantemente a aderir à moda dos micro-ondas, dos leitores de discos compactos, dos dêvêdês, já nem para falar dos vídeos, quando muito, quando muito, ainda vão na era dos Beta, que isso sim é que era qualidade, e vira que torna, que a comida agora vem toda congelada, a fruta podre, as batatas meio cozidas pelo frio, nada tem sabor, nem é carne nem é peixe, ainda por cima tudo estrangeiro, espanhol, francês, das américas, do sul e das outras, da China, da Coreia, sabe-se lá de onde, antes é que era, aí sim, a comida sabia a comida, as couves eram couves, tirava-se uma fotografia e ficava-se a penar durante dias até uma pessoa poder ver como tinha ficado, se bem, se mal, com as cabeças cortadas, os pés, desfocada, desalinhada, desatinada, excluindo, muito naturalmente, o caso dos à la minuta, não havia tantos automóveis, andava-se mais a pé, era mais saudável, ou ficava-se uma data de tempo à espera da carreira, se uma pessoa quisesse escrever uma carta oficial era à máquina, com papel químico para ficar com cópias, quais computadores nem meios computadores, e quem mandava mandava mesmo e estava o caso arrumado, o resto estava ali mesmo era para obedecer, mais nada, andava-se à vontade e não era a toque de caixa como hoje, com os nervos sempre à flor da pele, os prazos para isto e para aquilo a esgotarem-se mais depressa do que os bilhetes para os concertos de música que vêm do estrangeiro, escutava-se a banda da vila, da cidade, do bairro, e era uma sorte, e quem a tinha comprava rifas e fazia uma festa sempre que lhe saía uma panela de alumínio, que o mais era de barro, a loiça, o púcaro, a panela, que boa é que era a comida feita nas panelas de barro, ou naquelas de ferro que se pendurava à lareira, tudo do mais fresquinho que havia, francamente onde é que isto irá parar, agoiram as vozes das sabedorias antigas, daquelas formadas nos adagiários, nos tempos que já lá vão e não voltam, cheios de saudades do Tony de Matos e do Tempo, Volta para Trás, do Fernando Farinha e quejandos, que aquilo é que eram vozes, que sabiam cantar alguma coisa que se visse, que se ouvisse, melhor dizendo.

    Eu cá não concordo com tais tristezas, com estas saudades do tempo do ronca, mas uma pessoa tem que ver bem que às vezes se exagera um bocado, afinal de contas não se pode de repente meter tudo isto para trás das costas, os esquecimentos a maior parte das vezes não trazem nada de bom, mesmo nada, que uma pessoa que ignora o passado ou é tola ou faz-se, se calhar até é as duas coisas, vai dar no mesmo, do tola é que não passa, mas francamente não me está mesmo a apetecer nada voltar a dar à manivela para o carro pegar, que já me chega e sobra dar a volta à vida todos os dias depois de acordar. O pior é se a vida não pega, nem mesmo de empurrão, longe vá o agoiro.

    Posted by: Rezendes / quinta-feira, março 03, 2005
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