...Acho que até nem soa nada bem uma pessoa afirmar que acabou de colocar uma posta sobre determinado assunto...
Tendo lido de vez em quando a palavra postas referindo-se aos posts dos blogues, e para ser franco não vejo por que razão pespegaram com as postas na língua portuguesa com este sentido, que postas conheço as de bacalhau, de carne, de outros peixes para além do bacalhau, há até quem diga olha aquele está para ali a arrotar postas de pescada, querendo com isto dizer que está a falar de coisas de que na verdade não sabe, que quer passar por sabedor sem na verdade o ser, que se quer dar ares de importante, se bem que não está muito claro que alguém arrote postas de pescada para se armar aos cucos, que os desgraçados dos pássaros não têm nada que ver com isto, mas pescada, francamente, ainda se fosse um peixe de melhor qualidade, não é que esteja a pretender diminuir a importância da pescada na alimentação nacional, que até é um peixe bastante popular, aparece sob todas as formas nos supermercados, em lombinhos, em tiras, em quadradinhos, aos bocados maiores, inteiras, que é o que se dá aos gatos, mas arrotar postas de pescada não deverá ser algo assim tão importante, e se calhar é por isso mesmo que se mete o referido peixe na boca de quem está a querer por aquilo que não é.
Acho que até nem soa nada bem uma pessoa afirmar que acabou de colocar uma posta sobre determinado assunto, porventura pode-se pensar na mala-posta, que era um teatro que ainda existe mas que onde tenho a impressão que já não se faz nada de jeito, por desentendimentos políticos ou coisa no género, ou então noutros tempos mais recuados, de onde veio o nome para o teatro, que estava ligado à circulação de correio por todo o país, e talvez venha daí a analogia, mas lá que soa mal, isso ninguém lhe tira, e uma pessoa referir-se à posta de hoje no blogue tal e tal parece que está é a falar de assuntos de peixaria, e eu cá acho que com as peixeiras é preciso ter alguma cautela, que uma vez por outra a conversa dá para o torto e ninguém as cala, abrem a boca e lá vai disto, e daquilo, e daqueloutro, com o português mais vernáculo à mistura, que é para não haver dúvidas de que se trata mesmo da nossa língua, sem tibiezas nem eufemismos, tudo claro como água, ou não fosse daí que vêm os peixes, os tais do sermão e os outros todos também, se bem que no dito sermão não ficaram a faltar muitos, tal era a abrangência, e também não ficaram a faltar nem os que mandam nem os que são mandados, se bem que para mandar alguém para algum lado nunca vi gente mais habilitada do que as referidas peixeiras.