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  • quarta-feira, janeiro 05, 2005

    Os Amantes da Intriga


    O senhor Silva Adão era um exímio conferencista, ou não se tratasse de um perfeito exemplo da família dos Perfeccionistas Sentenciosos. Num dos seus últimos colóquios saíra-se com uma frase brilhante, que a todos os presentes havia iluminado os espíritos e enriquecera o léxico, para já não falar do corpus semântico, da língua portuguesa. Nem mais nem menos do que os «escarafunchadores de cenários conspiratórios», embora tal riqueza sintáctica e lexical não se referisse ao caruncho que infelizmente abundava no palácio, ignorado pelos sucessivos responsáveis pelo património nacional, onde se havia reunido o grupo dos patriotas que haviam levado a efeito o primeiro de dezembro de mil seiscentos e quarenta. Não. Claro que não. A ilustre personagem saíra-se com esta a propósito dos Amantes da Intriga.

    Ora, tal referência criou alguma perplexidade nos admiradores que inundavam a sala onde se tinha reunido um tão inusitado conjunto de mentes brilhantes. Afinal quem era a tal de Intriga? E de que amantes se tratava?

    O zum-zum que começou a circular era que a tal senhora seria nem mais nem menos do que a mulher do veterinário, que nunca se havia livrado da fama desde que, numa dessas feiras que pululam por todo o país dedicadas à gastronomia popular por alturas do verão, quando os emigrantes aproveitam para tirar a barriga das misérias que vão comendo e bebendo durante o ano inteiro por essas terras europeias, se havia saído com umas frases a propósito de um tal de Baco enquanto ia lançando uns olhares dissimulados ao recém-contratado craque brasileiro da equipa local de futebol, e de Baco e dos seus bacanais já tinham ouvido falar quando o mesmo conferencista se referira aos governantes e ao seu exagerado despesismo, e de despesas percebiam os presentes, já que o pouco que ganhavam para pouco mais dava do que uns copitos de vez em quando nas duas casas de alterne ali das redondezas.

    Mas havia outros que não senhor, que qual mulher do veterinário, qual carapuça, aquilo era mas é com a viúva do Aristides do banco, que dera em meter em casa uns ucranianos louros e espadaúdos com a desculpa de que precisava de mão de obra para lhe tratarem das laranjeiras e das pereiras, que a nacional já era chão que deu uvas, e dessa fruta ela não tinha lá na quinta, não senhor, que havia quem já a tivesse visto com os mesmos olhos que a terra havia de comer. Cochicho para cá, cochicho para lá, a tal de Intriga ia passando por ser a maior parte das mulheres dos figurões lá da terra sem que se tirasse em pratos limpos quem era tal devassa criatura.

    Quando a reunião terminou todos saíram cheios de suspeitas, chegaram a casa e passaram a olhar as respectivas mulheres de lado, e quem tinha filhas já cresciditas também desconfiava de todas e mais alguma, não é todos os dias que uma mulher é nomeada na praça pública (nem que a praça seja do tamanho de uma sala) por andar para aí com uma data de amantes sem que se saiba quem é. Porque em relação aos escarafunchadores, desses não havia dúvida: eram, sem tirar nem pôr, os ciganos que se tinham instalado recentemente no bairro novo, que o presidente da câmara tinha construído de propósito às custas dos impostos do povo. Nem mais. Ora essa.

    Posted by: Rezendes / quarta-feira, janeiro 05, 2005
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