Blogger

Gatos e outros tipos de estofos
Noutras linguagens: Cats and other kinds of stuff

Contribuidores

  • JCCosta
  • Rezendes


    • Logótipo do blogue

      Outros estofos do Rezendes


      Estofos para preguiçar
    • Abaixo de Cão
    • Afixe
    • A funda São
    • Ai o Cocó!
    • Anarca constipado
    • Ao Sabor do Vento
    • As Ruínas Circulares
    • Atrás da porta
    • Blogotinha
    • Bomba Inteligente
    • Duelo ao Sol
    • Elasticidade
    • Espelho Mágico
    • Eternamente Menina
    • Eu hoje vou
    • Impertinências
    • jUst bEiNg PeCoLa
    • Letras para EnSonar
    • Levemente Erótico
    • Linha de Cabotagem
    • Lolaviola's Journal
    • Meia Livraria
    • Mulher dos 50 aos 60
    • Objectos
    • Ocidental Praia Lusitana
    • O Vizinho
    • Peciscas
    • Random Precision
    • Retalhos na vida de um prof
    • Rodrigues na Net
    • Tó Colante
    • Uma sandes de atum
    • Vareta Funda
    • Webcedário
    • You've Got Mail
      Estofos acerca de blogues
    • Blogopédia...
    • Weblog
      Estofos arquivados
    • novembro 2004
    • dezembro 2004
    • janeiro 2005
    • fevereiro 2005
    • março 2005
    • abril 2005
    • maio 2005
    • junho 2005
    • agosto 2005
    • setembro 2005
    • outubro 2005
    • novembro 2005
    • dezembro 2005
    • janeiro 2006
    • fevereiro 2006
    • março 2006
    • abril 2006
    • maio 2006
    • junho 2006
    • julho 2006
    • setembro 2006
    • outubro 2006
    • novembro 2006
    • dezembro 2006
    • janeiro 2007
    • maio 2007
    • junho 2007
    • dezembro 2007



  • Procure aqui no GOOGLE 
     (Não é publicidade gratuita, não senhor, é só porque pode ser útil):



  • Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com
  • Estou no Blog.com.pt
  • lavalife website counters Arts sites
  • quinta-feira, janeiro 13, 2005

    Nomes incompletos


    Chamava-se Amaral dos Santos. Tal e qual. Sem mais. Nomes próprios não havia, na escola chamavam-lhe Amaral, tal como em casa os pais, que pelos vistos nada mais pretendiam do que economizar, afinal os nomes são uma economia de palavras, quando queremos chamar este ou aquela sai mais em conta dizer um nome do que trocar por miúdos o que a pessoa nos é a nós ou então descrevê-la dos pés à cabeça para que o referido sujeito ou a mulher em causa saiba que nos referimos a ele ou a ela e não a nenhum outro ou outra – isto de negações múltiplas numa mesma frase só na língua portuguesa, não a nenhum, passamos a vida a negar seja o que for, mas quando se trata de afirmar também gostamos de reforçar, afinal isto de falar não é só para pessimistas, além do mais convém deixar aqui bem claro que nos tempos que correm já não se pode usar o masculino como referência a alguém indeterminado, ainda vêm de lá as mulheres todas de pistolas na mão como a Maria da Fonte e lá vai disto, é no que dão estes tempos modernos que até a própria gramática já não respeitam.

    Como o nome passou no cartório é que é outra conversa, devia o empregado estar distraído, que a lei não dá assim licença do pé para a mão para uma pessoa se chamar como quiser, senão onde é que ia parar a onomástica com o génio inventivo dos portugueses, lá para os brasis é que há gente com nomes mesmos estapafúrdios, cafeaspirina de melo, dezecência feverência de oitenta e cinco, joão cara de josé, nacional futuro da pátria, himeneu casamentício das dores conjugais, maria panela e outros no género, já apareceram até nos jornais pelo inusitado da coisa.

    Pois o dito Amaral dos Santos sempre sofreu na pele chamar-se simplesmente Amaral dos Santos, desde os tempos de escola, que as crianças sabem ser cruéis quando lhes dá na gana, por dá cá aquela palha fazem a vida negra a um desgraçado só porque é mais gordo do que os outros, ou mais magrinho, ou tem um olho torto, ou a cabeça desta ou daquela forma, ou porque não tem nome próprio a não ser Amaral, nunca percebi lá muito bem o que é isto da vida negra, será que há vidas brancas, ou alvas, ou transparentes, esta última não deve ser lá muito cómoda porque se calhar passamos despercebidos e ninguém dá por nós, o que diga-se de passagem pode ter as suas vantagens.

    Quando entrou na maioridade lá foi tratar de meter um nome próprio no bilhete de identidade, mas trataram logo de o pôr com dono, que era difícil, metia papéis para a direita e papéis para a esquerda, carimbos daqui e dacolá, porque aqui no nosso paiszinho não se faz nada sem uma data de carimbos, vai-se à caixa pedir um cheque para enviar para a estranja e metem-lhe a folha do pedido três vezes na impressora, depois de dobrada e redobrada, deve ser porque têm que justificar o facto de terem impressoras nos bancos embora ainda se continue a fazer quase tudo à mão, parece que estas novas tecnologias ainda não se adaptaram aos portugueses e aos carimbos, que agora são impressoras em vez de carimbos, ele há maneiras de dar a volta a tudo, o que é preciso é criatividade.

    Fez o desgraçado todas as diligências e mais alguma mas nada, deram-lhe um prazo de oito semanas, dois meses menos uns dias, quando andava de herodes para pilatos à procura dos tais papéis e carimbos foi atropelado e morreu com o nome incompleto. Como nunca apareceu com a papelada, ao fim das tais semanas o processo foi arquivado por falta de documentação.


    Posted by: Rezendes / quinta-feira, janeiro 13, 2005
    |

    << Principal

    This page is powered by Blogger. Isn't yours?

    Creative Commons License