Não há nada neste silêncio aqui à minha beira,
nem tu nem eu sabemos como estamos longe,
as casas indo pela tarde fora com a vida lá dentro,
ouvimos as mãos deslizando pelas palavras que vão crescendo,
haverá na verdade quem as sinta
ou olhe apenas para elas como palavras
que aparecem umas atrás das outras
dentro das casas mergulhadas na sombra
ao pé de uma cidade onde ficaste numa noite qualquer
e de onde agora já não sabes como sair.
Será que nos esquecemos assim tanto um do outro?
Tão perto estamos, à distância de umas palavras
que de mim a ti demoram pouco mais do que um segundo;
mas entre elas há vidas inteiras que olham para este nosso pecado
de apenas contarmos coisas de ti e mim.