São tão frágeis, estas tábuas que tenho
que atravessar até ao outro lado da vida,
ondas de madeira que oscilam aos meus passos
sempre que nelas arrisco um pouco, sem saber
ao certo se chegarei algum dia ao lado de lá.
Estão pregadas com ferros, os escolhos em que
irei tropeçar, que ali estão para isso mesmo,
para outra coisa não servem,
e os bancos que ao fundo nos olham
prometem um descanso que não virá nunca,
a vida não foi feita para descansos,
são janelas e portas fechadas que tudo prometem
como as palavras de um livro fechado.