Blogger

Gatos e outros tipos de estofos
Noutras linguagens: Cats and other kinds of stuff

Contribuidores

  • JCCosta
  • Rezendes


    • Logótipo do blogue

      Outros estofos do Rezendes


      Estofos para preguiçar
    • Abaixo de Cão
    • Afixe
    • A funda São
    • Ai o Cocó!
    • Anarca constipado
    • Ao Sabor do Vento
    • As Ruínas Circulares
    • Atrás da porta
    • Blogotinha
    • Bomba Inteligente
    • Duelo ao Sol
    • Elasticidade
    • Espelho Mágico
    • Eternamente Menina
    • Eu hoje vou
    • Impertinências
    • jUst bEiNg PeCoLa
    • Letras para EnSonar
    • Levemente Erótico
    • Linha de Cabotagem
    • Lolaviola's Journal
    • Meia Livraria
    • Mulher dos 50 aos 60
    • Objectos
    • Ocidental Praia Lusitana
    • O Vizinho
    • Peciscas
    • Random Precision
    • Retalhos na vida de um prof
    • Rodrigues na Net
    • Tó Colante
    • Uma sandes de atum
    • Vareta Funda
    • Webcedário
    • You've Got Mail
      Estofos acerca de blogues
    • Blogopédia...
    • Weblog
      Estofos arquivados
    • novembro 2004
    • dezembro 2004
    • janeiro 2005
    • fevereiro 2005
    • março 2005
    • abril 2005
    • maio 2005
    • junho 2005
    • agosto 2005
    • setembro 2005
    • outubro 2005
    • novembro 2005
    • dezembro 2005
    • janeiro 2006
    • fevereiro 2006
    • março 2006
    • abril 2006
    • maio 2006
    • junho 2006
    • julho 2006
    • setembro 2006
    • outubro 2006
    • novembro 2006
    • dezembro 2006
    • janeiro 2007
    • maio 2007
    • junho 2007
    • dezembro 2007



  • Procure aqui no GOOGLE 
     (Não é publicidade gratuita, não senhor, é só porque pode ser útil):



  • Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com
  • Estou no Blog.com.pt
  • lavalife website counters
  • domingo, dezembro 12, 2004

    Uma história triste


    Na esquina de baixo do bairro havia um tipo de aspecto algo duvidoso, que era conhecido como o «Mãozinhas». Dizia-se que era traficante de droga, com especialidade na liamba, que isto de vender droga também tem as suas particularidades e dá direito a especialização e tudo.
    Já ninguém se lembrava como o «Mãozinhas» tinha ganho aquela alcunha. Uns que era por causa da tendência de fazer mão baixa a tudo o que andava ao seu alcance, outros que era por causa dumas histórias antigas que metiam ligeireza de mãos com a segunda mulher do senhor Joaquim, proprietário de uma mercearia de porta aberta desde a altura da construção do bairro e ainda hoje estabelecimento de referência para a freguesia mais idosa, que a mais nova preferia o hipermercado do centro comercial do bairro vizinho.
    Sabia-se, contudo, que o «Mãozinhas» acabara por constituir família com a viúva do sacristão da igreja lá do sítio, fizera-lhe dois filhos a somar aos outros dois que a dita senhora trazia já do anterior casamento, e a negociata sustentava aquela gente toda e ainda dera para pagar o internamento da mãe da viúva num lar de terceira idade que pertencia a uns indianos que o exploravam há cerca de cinco anos, após uma aquisição com sucesso a duas irmãs solteironas que haviam acabado por adquirir uma casinha na Praia da Areia Branca com o dinheiro dos indianos.
    Quando a polícia (que de vez em quando dá um arzinho da sua graça) deitou a mão ao «Mãozinhas», a família toda entrou em greve de fome à porta do Governo Civil e ali foi definhando dia após dia dentro de um carro abandonado até ao dia do julgamento sem que qualquer alma bondosa lhes passasse cartão. A pobre da mulher lá ia conseguindo umas bolachas e uns sumos de quando em vez logo que decidiram que isto de greves era chão que não dava uvas nenhumas e ao fim de seis meses juntou-se-lhes a mãe, que no lar não davam esmolas a quem não pagava as mensalidades. A velha morreu ali mesmo, e levou acompanhamento da bebé mais nova, após um surto de bexigas e sarampo que varreu a criançada toda. Deitaram as mortas no meio da rua, e passaram três dias a gemer e a tiritar de frio e de fome até que houve quem, na Segurança Social, se lembrasse de que uma velha e uma criança mortas no meio do passeio fariam uma bela figura na abertura dos telejornais e nas parangonas dos diários e não dariam lá muito boa imagem de um país da União Europeia; por fim lá levaram os cadáveres para lhes darem destino. Agarraram depois nas outras crianças e enfiaram-nas em dois lares. A mulher hoje ainda lá está, dentro da sucata abandonada, e quem por lá passa pode ouvir umas toadas tristes e desesperadas que lhe saem pela boca fora.
    Posted by: Rezendes / domingo, dezembro 12, 2004
    |

    << Principal

    This page is powered by Blogger. Isn't yours?

    Creative Commons License