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  • quarta-feira, dezembro 15, 2004

    Os dias cinzentos


    Quando ela acordou e assomou à janela da varanda, o dia estava cinzento, como de costume. Já estava farta daquilo, mas também não conhecia muito melhor do que gente cinzenta, horas cinzentas, umas após outras, um dia a dia monótono como o de tantos outros, certamente. Ouvia queixas todos os dias, de todos os que viviam no seu mundo, aliás o único que lhe coubera em sorte, que nisto de sortes há quem tenha muita ou pouca, a maioria assim-assim. Mas a cara de pau que via naquela gente dava mesmo a ideia de que a felicidade devia andar um tanto arredia da sua vida. Não havia quem tivesse iniciativa, quem dissesse «Finalmente acabámos com a crise, a comida vai dar à farta para todos e não haverá quem mais passe fome nem cá em casa nem em lado nenhum, até parece que estamos na Europa dos tais vinte e não sei quantos, que já foram doze ou menos e agora a Europa inchou a já querem lá meter os parentes e os vizinhos», falavam mal deste e daquele, e este e aquele falavam mal dos outros e de quem quer que estivesse à mão de semear, e acabavam o dia tal como o haviam começado, com ar de poucos amigos, prontos para bater na mulher, no marido, nos filhos, no gato, no vizinho de baixo, de cima, da esquerda e da direita, no chefe e no subordinado, em mim, em todo o mundo e ninguém.
    Passando por alto esta breve referência vicentina, e voltando à carga com as tons acinzentados, era cinzento o sorriso, cinzenta a roupa que levavam para a rua, cinzento o sorriso que traziam de volta, cinzenta a conversa ao serão, que tinha já começado cinzenta logo de manhã, enfim, com umas quantas variações de cinzento ao fim de semana. E se o raio do gato fazia alguma quem pagava as favas era eu, que estava ali mesmo a jeito, que não sabia tomar conta dele, que isto e aquilo, por isso quando ele chegava a casa eu escondia-me no quarto e lá ouvia a voz dizer «Mas onde raio é que ela está metida, querem ver que já fez alguma?», e se estava à espera de alguma festa que fosse tirando a cavalinho da chuva.Tola como sou, acabava por aparecer com a língua de fora, como se me tivesse esfalfado o dia inteiro, e então teria direito a uma festa, que isto de vida de cão tem que se lhe diga.


    Posted by: Rezendes / quarta-feira, dezembro 15, 2004
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